Mr. Sunshine conta o início da ocupação Japonesa na Coreia

Mr. Sunshine conta o início da ocupação Japonesa na Coreia
Foto: Netflix

Como na semana passada falamos sobre o Movimento de 1º de Março, imagino que muitos ficaram interessados em saber mais sobre a ocupação da Coreia pelo Japão.

Por isso, eu gostaria de recomendar o k-drama "Mr. Sunshine", disponível na Netflix (inclusive com dublagem em português) que oferece não apenas entretenimento, mas também uma janela para a história coreana. Com um orçamento generoso e uma produção meticulosa, a série retrata a Coreia do final do século XIX e início do século XX, durante o período de ocupação japonesa e agitação política.

A narrativa acompanha a vida de cinco personagens principais, cada um com suas próprias lutas e conflitos pessoais, em meio a um cenário de guerra e mudança. Entre eles, a carga romântica fica por conta de Eugene Choi, filho de escravos que foge para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor e Go Ae Shin, uma nobre patriota disposta a lutar pela independência de seu país. Entretanto, todos os personagens de "Mr. Sunshine" proporcionam uma visão multifacetada da sociedade coreana da época.

Além de seu apelo visual e narrativo, o drama também oferece uma oportunidade para os espectadores aprenderem sobre o contexto histórico em que enredo se desenrola. Desde a expedição americana na Coreia em 1871 até a batalha de Caney em 1898, "Mr. Sunshine" retrata eventos-chave que moldaram o destino da nação coreana.

Ao mesmo tempo, a série destaca temas universais, como identidade, lealdade e sacrifício, que ressoam com o público além das fronteiras da Coreia. A complexidade dos personagens e a riqueza da trama tornam "Mr. Sunshine" não apenas uma obra de entretenimento, mas também uma ferramenta poderosa para o aprendizado e a reflexão sobre a história e a natureza humana.

Eu vou resumir alguns detalhes, apenas para que vocês possam entender um pouco do contexto histórico da trama, antes de embarcar na jornada de assisti-la.

A série denota de maneira bastante clara a era do imperialismo na Ásia. O imperialismo refere-se à tendência de uma nação mais poderosa buscar o controle e exercer influência sobre uma nação menor, seja culturalmente ou de outra forma. Nesse contexto, o Ocidente, impulsionado pela Segunda Revolução Industrial, expandia suas fronteiras e tinha interesse no mercado asiático.

O Japão, durante a Era Meiji a partir de 1867, passou por mudanças econômicas e políticas significativas devido ao capitalismo ocidental e, naquela época, era a nação mais avançada da Ásia, adotando também políticas imperialistas. Um dos principais alvos dessa expansão foi a Coreia, principalmente devido à presença de recursos como carvão e minérios em suas terras.

A série começa em 1871, durante a expedição americana na Coreia, retratando a batalha nas Ilhas Ganghwa e o jovem e então filho de escravos, Eugene, fugindo para os Estados Unidos. Em 1894, ocorre a Reforma Gabo, uma série de reformas propostas ao governo coreano, incluindo o fim da escravidão, mostrado na trama com personagens como Il Sik e Choon Sik, dois irmãos, caçadores de escravos, tendo que buscar uma nova forma subsistência.

Em 1898, durante a Batalha de Caney na Guerra Hispano-Americana, Eugene salva seu amigo Kyle, um americano, que pensando em ajudá-lo a se conectar com sua verdadeira identidade, o convida a repatriar-se para Joseon. Em 1902, Eugene retorna à Coreia como membro de uma legação americana.

Neste contexto, ele conhece Go Ae-shin, uma nobre de Joseon que perdeu seus pais revolucionários quando era um bebê. Ela cresce criada pelo avô e passa a treinar para tornar-se uma franco-atiradora a fim de defender a permanência da Coreia como nação soberana.

Eugene e Ae Shin vivem, em meio a todos estes conflitos, uma das mais belas histórias de amor vista em k-dramas.

Foto: Suya

O Exército dos Justos

Outro ponto importante da história é a composição do Exército dos Justos, liderado por Hwang Eun San, que é mentor de Ae Shin, mas que também ajudou Eugene a fugir para os EUA. Esse exército realmente existiu e lutou pela liberdade coreana durante a ocupação japonesa. Sua motivação era a esperança de ver a pátria livre, mesmo que isso custasse suas vidas.

Nos últimos episódios, nos é introduzido o personagem do jornalista canadense Frederick Arthur McKenzie, que realmente existiu e cobriu os eventos na Ásia Oriental para um jornal inglês, incluindo os conflitos em Joseon, sendo a única pessoa a registrar os feitos do Exército dos Justos. Ele escreveu um livro, entitulado The Tragedy of Korea em 1908 que está disponível na Amazon, somente em inglês.

Esta imagem mostra a cena do K-drama e a foto original de uma parte do Exército dos Justos, tirada por Frederick Arthur McKenzie. Montagem de autoria desconhecida.

O drama "Mr. Sunshine" oferece uma jornada emocionante e bem construída, com personagens cativantes e intensidade em cada momento. Mesmo aqueles que não são fãs de dramas épicos certamente se apaixonarão pela jornada de autodescoberta de Eugene e dos demais personagens.