DMZ - A Zona Desmilitarizada mais Militarizada que existe

DMZ - A Zona Desmilitarizada mais Militarizada que existe
Foto: Arquivo Pessoal

Na verdade a DMZ foi um dos últimos destinos turísticos da nossa viagem, porém, foi um dos mais impactantes e sei que também é onde reside uma grande curiosidade dos meus leitores. Por isso, resolvi começar os posts turísticos da viagem, por este aqui.

Primeiramente, vamos dar uma pincelada na história deste lugar: A Guerra das Coreias foi um conflito militar que ocorreu na península coreana entre 1950 e 1953. O conflito começou quando grupos mais inclinados à esquerda, que viviam ao Norte da Península Coreana, apoiados pela União Soviética e pela China, invadiram a parte Sul do país, que era apoiada pelos Estados Unidos e outras nações das Nações Unidas (aqui não vai dar para explicar tudo sobre esta época da história, mas se vcs tiverem interesse podemos falar mais sobre este assunto, num outro post).

Após 3 anos de intensos combates, um armistício, ou tratado de cessar fogo, foi assinado em 1953, quando foi estabelecida a Zona Desmilitarizada da Coreia (DMZ), como uma área "neutra" entre as duas nações. A DMZ é uma faixa de cerca de 250 quilômetros de comprimento e 4 quilômetros de largura que corta a península coreana ao meio. É uma área fortemente fortificada e patrulhada pelas tropas de ambos os lados, com o objetivo de prevenir novos conflitos armados.

Apesar do armistício, tecnicamente as duas Coreias ainda estão em guerra, já que nunca foi assinado um tratado de paz. Desde então, a DMZ se tornou um importante símbolo da divisão e tensão entre as duas Coreias.

Como o local não é accessível por metrô ou ônibus comum, nós tivemos que ir numa excursão, que eu considerei muito boa, e que encontrei no site Viator. Eu descobri esta e as outras excursões, pesquisando no Google mesmo, quando estava montando o roteiro da viagem. Foi no tato. Mas agora, vocês já podem ir direto na coisa certa, pelas minhas informações.

A viagem dura umas duas horas e a nossa guia Julie, extremamente simpática e eficiente, foi nos informando (em inglês claro, né gente?) sobre os locais que iríamos visitar ainda durante a viagem.

Um dos primeiros lugares que passamos foi num local onde tem um trem que costumava trafegar entre os dois países. Tem um dos tempos de cessar fogo e outro mais antigo cheio de balas. Neste local também, a guia nos leva à uma casinha onde só ali é possível comprar dinheiro norte-coreano para guardar de souvenir. Não podia nem tirar fotos do dinheiro, só comprar mesmo, então, nós passamos. A gente achou que, além de caro, nós estaríamos contribuindo para um comércio que só perpetua essa divisão.

Um outro monumento muito interessante  é um memorial em homenagem ao programa de televisão sul-coreano "Finding Dispersed Families" (Encontrando Famílias Separadas). Este programa foi criado em 1983 e tinha como objetivo ajudar as famílias que foram separadas durante a Guerra da Coreia a se reunirem.

Monumento do Programa Finding Dispersed Families. Arquivo Pessoal

Durante a guerra, muitas famílias foram separadas e muitos parentes perderam contato uns com os outros. Alguns ficaram na Coreia da Norte, mas muitos se perderam dentro da própria Coreia do Sul, afinal, naquela época (nos anos 50) os meios de comunicação ainda eram precários. O programa de TV ajudou a reunir essas famílias, fornecendo informações e assistência na busca por parentes perdidos.

O monumento foi erguido em 2013, e apresenta um irmão e uma irmã que foram separados durante a guerra que, após décadas de separação, foram finalmente reunidos graças ao programa de TV.

Ao lado da escultura, há uma parede onde estão gravados os nomes das pessoas que foram reunidas graças ao programa, bem como fotos da época. O monumento é um símbolo de esperança e reconciliação para aqueles que foram afetados pela guerra e pela separação de suas famílias.

Desde que o programa foi lançado, mais de 130 mil pessoas foram reunidas com seus parentes perdidos, muitas vezes após décadas de separação. Esse monumento é um testemunho do poder da televisão e da mídia para ajudar as pessoas a se reconectarem e superarem as divisões causadas pela guerra.

Outro local de visitação é a Joint Security Area (JSA), localizada no coração da DMZ, onde os representantes militares de ambas as Coreias se reúnem para negociações e acordos. Daria para ver os prédios de conferência, as bandeiras e os soldados de guarda de ambos os lados, bem como entrar em uma sala que fica exatamente na fronteira entre as duas nações, mas no nosso caso, não conseguimos ver isso, porque havia um evento sendo programado, então, a gente teve que escapar esta parte. Lá é tudo muito controlado e a gente tem que sempre seguir a guia.

A JSA, que nós não vimos, numa foto da Wikipedia

Uma das coisas mais interessante e que eu confesso, apesar de toda a minha história de conteúdo sobre a Coreia, eu não nunca tinha ouvido falar, é o Terceiro Túnel de Infiltração, que foi descoberto em 1978 e é uma das quatro passagens subterrâneas que a Coreia do Norte construiu para tentar invadir a Coreia do Sul, mesmo depois do tratado de cessar fogo. Os visitantes podem caminhar pelos túneis e ver as medidas de segurança implementadas para impedir a invasão. Porém, não pode levar celular, nem fotografar ou filmar. Infelizmente, porque é uma experiência incrível.

Na frente da instalação que leva ao terceiro túnel, tem um monumento em prol da unificação. Foto: Arquivo Pessoal

A nossa guia nos contou que na época da descoberta destes túneis (foram 5 ao todo), a Coreia do Norte alegou que estavam minerando carvão... Na rocha firme... Vê se pode??

O Observatório Dora é outro ponto turístico popular na DMZ. Localizado no topo de uma montanha, oferece uma vista panorâmica do espaço existente entre as Coreias e dá até pra ver um pouquinho da Coreia do Norte.

Vista do Observatório Dora. Dá pra ver melhor pelos binóculos! Foto: Arquivo Pessoal

Além disso, os visitantes podem aprender sobre a história e a geografia da região por meio de exibições interativas, num super auditório cuja janela dá exatamente pro horizonte da fronteira.

O magnífico auditório. Foto: Arquivo Pessoal

Há também a Vila da Paz, uma pequena cidade onde os residentes vivem em um ambiente pacífico e tranquilo, apesar de estar localizada a apenas alguns quilômetros da fronteira com a Coreia do Norte. Lá, os visitantes podem ver edifícios e monumentos históricos, além de visitar uma escola e uma igreja. A nossa excursão, não foi até essa vila, porque era de meio dia. Se vc optar pela excursão de um dia inteiro, poderá ter uma experiência mais imersiva.

Espero que tenham gostado dessa "viagem" um pouco mais a fundo deste lugar tão peculiar da Coreia, se tiverem perguntas, podem deixar nos comentários do Facebook ou Instagram, tá bom?

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